Quem pariu Lula que balançe
Por Genaldo de Melo

Por mais que
parcela da população brasileira, principalmente aquela parcela que forma
opinião, não goste de Lula, é preciso reconhecer que existe uma espetacular
exposição da sua imagem pública, especialmente coordenada pela Rede Globo de
Comunicações. Evidentemente que toda sua exposição é feita a partir de supostos
assuntos negativos (supostos porque não se provou nada contra o mesmo até o
momento). Mas os resultados para assassinar sua reputação não têm surtido o
efeito esperado ardilosamente pelos atores do mundo político que são seus
adversários.
Por mais mediano
que seja o raciocínio de determinados setores da sociedade brasileira que estão
sendo tratados como peças de laboratório de jornalismo de guerra, fica cada vez
mais latente que estão fazendo nada mais nada menos do que política no sentido mais
literal da palavra como coisa em si. A exposição exagerada de aspectos
negativos da imagem de Lula não está surtindo o efeito político esperado,
exatamente porque nos tempos de tecnologia avançada provas devem ser
apresentadas de todas as acusações para enfrentar o contraponto.
Em tempos em que
as pessoas têm acesso aos meios alternativos de informação, principalmente com
a existência da imprensa alternativa na internet e das redes sociais, a
narrativa da orquestração e do inimigo único de Jean-Marie Domenach parece que
atingiu o seu limite. Em tempos em que as pessoas escolhem em quem acreditar a
partir das diversas narrativas colocadas, o discurso goebbelsiano perde todo o
sentido se não se apresenta as premissas convincentes.
Um conselho
bastante repisado de Baltazar Grácian em relação à Lula não foi observado pela
imprensa tradicional, principalmente pela Rede Globo, de que o desprezo é a
mais política das vinganças. Se Lula foi Presidente da República por duas vezes
e saiu do cargo com mais de 80% de aprovação, bem que teria sido melhor
desprezá-lo, e não ficar vinte e quatro horas praticamente por dia cutucando a
jararaca com a vara curta.
Os cidadãos
brasileiros não são tão escabrosos como pensam intelectuais da imprensa
tradicional brasileira. Se somente tem-se como notícia a figura do Lula como
chefe de organização criminosa e não se apresenta nunca as provas de tal
narrativa, naturalmente que o contraponto se impõe. Qualquer mente mediana
chegaria a conclusão de que Lula jamais seria candidato à presidente de novo no
Brasil se ele fosse esquecido, principalmente num contexto em que a direita
estava até tempos recentes recheada de nomes capazes de ganhar as eleições para
qualquer candidato que a esquerda apresentasse em 2018.
O contexto de 2018
seria bem diferente caso não insistissem em transformar Lula num anti-herói.
Sem Lula, outros nomes seriam motivos de disputas internas dentro do próprio
PT, porque assim funciona seu DNA, aliado ainda a uma crise sem precedentes que
não foi Dilma Rousseff que inventou, mais o próprio mercado com seu capital
especulativo, mas que ela seria na narrativa do status quo a culpada. Com isso,
estava pronto o discurso para vencer e chegar ao poder nas urnas, mas não
fizeram isso, resolveram realmente chocar a jararaca, e deu no que deu, ou
seja, Lula é de novo o nome da narrativa oficial do mundo político.
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